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PT, o retrovisor e o retrocesso
Não estou aqui como defensor do carlismo, mas para
observar como incomoda aos petistas, ainda nos dias de hoje, a época do
carlismo na Bahia, o qual fiz parte. E, como ainda lutam para tentar passar a
falsa impressão de que, naquele período, não houve avanços na Bahia. Se ainda
batem assim, sete anos depois de assumirem o poder, é porque o carlismo foi – e
é – importante. Porque ninguém costuma “bater em cachorro morto”, como diz o
ditado popular. Se batem, é porque a marca é indelével.
É engraçado como hoje vemos alguns segmentos
petistas afirmarem que, naquela época, havia “ditadura”, que o sistema era
“radical”, vivíamos o “período das trevas”, falam em “herança maldita” e outros
adjetivos dessa natureza. E vemos a história se repetir da exata mesma maneira.
Mudaram os artistas apenas, mas o enredo continua o mesmo.
Mas vamos aos fatos: se a herança era tão maldita
assim, porque boa parte do carlismo ocupa parte importante do governo petista?
Vejamos algumas das principais figuras da política baiana da atualidade. Não
eram todos considerados “puro sangue” do carlismo? Quer dizer que servem para o
petismo quando somam ao atual governo e não servem ao PT pelo seu passado? É um
pouco incongruente. Isso pelo lado das personalidades, que me reservo ao
direito de não declinar nomes para não ser injusto esquecendo o nome de alguns
dos carlistas que hoje integram o poder. Alguns até defensores vorazes do
petismo que sempre criticaram.
Vamos seguir também por outros caminhos: me lembro
de ações como Luz Para Todos, Água Para Todos, Faz Universitário, Faz Atleta,
Educação Para Todos, entre outros, programas que foram mantidos pelo atual
governo e que, em alguns casos, só fizeram mudar de nome. A atração de novos
empreendimentos para a diversificação, ampliação e fortalecimento do parque
industrial baiano não eram marcas do governo carlista? Se a herança é tão
maldita assim e o carlismos não fez nada de bom, porque esses programas
continuam?
Não podemos esquecer que o Bolsa Família é resultado
do Fundo Especial de Combate e Erradicação da Pobreza, criado pelo carlista-mor;
ou o Orçamento Impositivo, que voltou à seara política pedida pela própria base
governista no Congresso Nacional, outra contribuição do carlismo a política
nacional! Podem até tentar, mas vão conseguir apagar a digital do criador
desses projetos?
Ora senhores, nada e nenhum governo é perfeito por
si só. Existiram acertos e existiram erros. Como vão haver acertos e erros após
a era petista. O que não podemos é governar olhando o retrovisor, como se faz
muito hoje, temendo-se o reconhecimento de que passos importantes foram dados
e, muitos deles, é bem verdade, até aprimorados com o tempo. Não reconhecer
isso é um erro histórico e que a sociedade não tolerará jamais! E amanhã, na
avaliação da história, esses feitos, se esquecidos hoje, fatalmente serão
lembrados e destacados amanhã pelos historiadores políticos sérios!
Heraldo Rocha
Ex-deputado estadual e presidente municipal do
Partido Democratas de Salvador