Não vamos deixar a APAE nas mãos desses bandidos, diz Francisco Pereira
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No
dia 11 de dezembro de 1954, no Rio de Janeiro, nascia, por intermédio
da americana Beatrice Bemis, mãe de uma portadora de Síndrome de Down, a
Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais, APAE, um movimento que se
destaca no país pelo seu pioneirismo.
Em
Governador Mangabeira, 42 anos após à primeira, em 20 de janeiro de
1996, depois que problemas políticos inviabilizaram a continuação da
parceria com Muritiba, foi criada a APAE da cidade, através da
professora Alaíde.
Francisco
Pereira dos Santos, 55, conta, em entrevista exclusiva ao Mídia
Recôncavo, que a reunião foi marcada com ex-membros do Grupo de Jovens
UMC. "Quando cheguei aqui - sede da APAE - fiquei sabendo que a questão
era resolver o problema de 62 alunos que, na época, estavam sendo
dispensados pela APAE de Muritiba."
Francisco
foi eleito presidente da APAE. Hoje, com 35 anos dedicado ao serviço no
estado, como Investigador da Classe Especial da Policia Civil, atuando
em São Francisco do Conde, ele tem 17 anos de APAE.
"Fiquei
4 anos como presidente. Passei para Iraci e, logo em seguida, fui
convidado a ser delegado regional das APAEs, devido ao meu destaque como
presidente da instituição na cidade.", conta ele, que ficou no cargo
entre 2001 e 2002.
Depois,
chegou a vez dele interagir com outras APAEs, e assumiu a Presidência
da Federação Estadual, onde ficou até 2009. De volta a Governador
Mangabeira e a instituição da cidade desde a saída de Alderico dos Reis
Costa, Francisco faz um desabafo, "As pessoas com deficiência não
precisam daquilo que nós temos, elas precisam daquilo que nós somos".
Dedicado,
ele mostra o resultado de um trabalho árduo. A APAE de Governador
Mangabeira contem o Núcleo de Apoio ás Famílias, Núcleo de
Desenvolvimento e Criatividade, Brinquedoteca, consultório
odontólogico e o Núcleo de Vocação para o trabalho. "Inserimos no
mercado de trabalho formal 5 alunos na Mastrotto, e outros estão
trabalhando no mercado informal", diz ele.
"A
APAE pertence a sociedade, daí a nossa resistência em colocá-las nas
mãos de politiqueiros! Pessoas que quando viram que os seus desejos
pessoais não seriam atingidos, a APAE deixou de ser interessante! Isso
foi bom! As pessoas que continuaram aqui demonstraram respeito e
compromisso com a causa da APAE", esclarece.
"Tivemos
que bater de frente com aproveitadores! Brigar com pessoas que queriam
meter a mão no que não era delas! Não vamos deixar a APAE nas mãos
desses bandidos", desabafa.
Uma
pesquisa realizada pelo Instituto Qualibest em 2006, a pedido da
Federação Nacional das Apaes, mostrou que a Apae é conhecida por 87% dos
entrevistados e tida como confiável por 93% deles. São resultados
expressivos e que refletem o trabalho e as conquistas do Movimento
Apaeano na luta pelos direitos das pessoas com deficiência. Nesse
esforço destacam-se a incorporação do Teste do Pezinho na rede pública
de saúde; a prática de esportes e a inserção das linguagens artísticas
como instrumentos pedagógicos na formação das pessoas com deficiência,
assim como a estimulação precoce como fundamental para o seu
desenvolvimento.
De
acordo com o Censo IBGE 2000, o Brasil tem 24,5 milhões de pessoas com
deficiência, o que equivale a 14,5% da população do País. Dessas, 48,1%
foram declaradas deficientes visuais, 22,9% com deficiência motora,
16,7% com deficiência auditiva, 8,3% com deficiência mental e 4,1% com
deficiência física.