SAÚDE
BRASIL
Infestação de escorpião pode aumentar 70% em dois anos
Valéria Bretas - EXAME.com - 26/01/2016
Valéria Bretas/Exame.com
Durante o verão, é comum ouvir casos de pessoas que se
depararam com escorpiões amarelos no jardim, na janela ou na pia da lavanderia.
No entanto, o pequeno animal (que cabe até na palma da mão
de uma criança) tem se reproduzido em uma proporção fora do que é considerado
normal.
Segundo Randy Baldresca, biólogo e pesquisador, o número de
bichinhos andando pelas ruas deve aumentar até 70% nos próximos dois anos.
“Se o acúmulo de lixo permanecer nas ruas, a população
continuar mal informada em como lidar com o animal e o número de edificações
for ampliado, a situação vai se agravar”, diz Baldresca.
E a população já começa a sentir esse efeito. Na cidade de
São Paulo, por exemplo, moradores de um bairro nobre relataram que em apenas
uma semana, cerca de cem escorpiões foram capturados.
No fim do ano passado, o Tityus serrulatus (seu nome
científico), também foi responsável por desclassificar uma estudante de
Campinas (SP) no vestibular da Fuvest, prova que dá acesso à Universidade de
São Paulo (USP). Pouco antes de iniciar o exame, ela passou mal e teve que
deixar o local.
Casos como estes figuram numa série de relatos notificados
desde o início deste ano. Consultada por EXAME.com, uma empresa especializada
no controle de pragas informou que só nas duas primeiras semanas de 2016, mais
de 60 infestações de escorpiões foram controladas pelos biólogos da equipe da
Grande São Paulo.
Só para se ter ideia da gravidade, a empresa registra cerca
de 80 casos de infestação no período de um ano.
O Ministério da Saúde estimou a quantidade de acidentes por
escorpiões em 2015. E o número assusta: aproximadamente 74,5 mil pessoas
picadas em todo o Brasil - um aumento superior a 24% no período de quatro anos.
Vale ressaltar que a picada do escorpião amarelo pode matar.
O governo do Estado de São Paulo informou que, no ano passado, cinco óbitos
foram notificados.
Adaptabilidade e reprodução
“Esse animal é completamente adaptável ao ambiente urbano.
Ele consegue se instalar em uma residência por até um ano sem precisar se
alimentar”, diz Baldresca. “E os inseticidas usados para combater insetos não
funcionam para controlar escorpiões”.
O biólogo explica que o escorpião amarelo se reproduz até
duas vezes ao ano. Porém, quando esse animal sofre um stress (como quando
jogamos veneno ou o cutucamos), ele entra em um processo de reprodução
assexuada.
“Ou seja, quando provocado, ele se autoreproduz fora de
época e libera de 20 a 30 filhotes no ambiente”, explica.
Prevenção
Tratando-se da terceira espécie de escorpião mais perigosa
do mundo, é preciso saber como se prevenir. As principais vítimas, e as que
correm o maior risco, são as crianças de até 12 anos e os idosos.
Sendo assim, o biólogo recomenda que os jovens utilizem
calçados nos jardins e que o ambiente de casa esteja sempre limpo e livre de
sujeira.
“Evite deixar louça na pia da cozinha, retire o lixo do
banheiro antes que ele acumule e tampe todos os ralos e pias”, diz. “Assim,
você diminui a presença de baratas, que é a principal fonte de alimentação dos
escorpiões e grande responsável por seu aparecimento nas residências”.
Como reagir
É importante lembrar que quanto mais próximo um local for de
um cemitério, terreno baldio, trem ou riacho, maior é o risco de presença desse
aracnídeo.
Como o veneno não ajuda e não mata o bicho, o recomendado é
que ao se deparar com um, seja feita uma ação mecânica que mate o animal. Na
prática, a pessoa deve usar uma faca ou algum objeto que esmague ou corte o
escorpião ao meio.