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segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

MANGUE SECO; ARBITRARIEDADES E OBRAS PARADAS COMMETEM


Mangue Seco é a ponta de uma península que pertence ao município de Jandaíra, Bahia, no extremo norte do litoral baiano, a 250 km de Salvador. E que está isolado de sua prefeitura, tanto pelo estuário do Rio Real, como pela falta de ligação terrestre com a sede administrativa, e, por isto, se relaciona muito mais com Estância, em Sergipe, berço da família Amado. Assistência médica, formação profissional e gêneros de todo tipo, vem daí. Mangue Seco recebe muito mais turistas de Sergipe que da Bahia!
A primeira tentativa de facilitar o acesso de turistas provenientes de Salvador aconteceu na década de 1990, com a construção da Linha Verde que, entretanto, passou a 30 km do povoado, ficando a ligação entre Costa Azul - também pertencente a Jandaíra - e Mangue Seco, para a posteridade. Porém, mais de 20 anos depois, quem sai de Salvador para a famosa praia continua dependendo de Sergipe, pois a estrada começou a ser construída, mas a obra está parada. E pior, a prefeitura impôs medidas que prejudicaram os principais atrativos e tornaram a visita ao lugar caótica, frustrante e desaconselhável.  
Quem vai a Mangue Seco quer passear de buggy nas dunas, ver a igreja, e a casa onde filmaram cenas da novela e do filme, mantida da mesma maneira por dona Flora, prima de segundo grau do escritor Jorge Amado. O povoado sempre recebeu veranistas no fim de semana, mesmo antes da novela, mas isto aumentou inegavelmente, inclusive durante a semana. Porém, o turismo profissional de agências e operadoras de turismo dispostas a investir no lugar é o que garante turistas, trabalho, renda, impostos e benefícios para todos. O ano inteiro, já que não há outra atividade!
Mas a prefeitura de Jandaíra resolveu interferir e participar do negócio, e de maneira atabalhoada. O prefeito Roberto Leite foi reeleito em 2012, e seu sobrinho, Adilson Leite, ex bugueiro, foi eleito vereador nesse pleito. Esta gestão começou a construção de um muro, ou quebra mar - também passarela, e com porto - na frente do povoado voltada para o estuário, e onde todas as pessoas desembarcam. Para isto proibiu atracadouros particulares, e a circulação de buggy na praça principal, onde estão a casa e a igreja. Porém, a medida mais arbitrária, inconstitucional, e lesiva ao Turismo, foi a proibição de negócios entre proprietários de buggies de Mangue Seco e agências de turismo.
É isto mesmo que você leu: a prefeitura de Jandaíra proíbe a iniciativa privada de fazer parceria em Mangue Seco. Ela criou uma cooperativa de bugueiros e obrigou os proprietários a fazer parte dela, se quiser trabalhar, arbitrando taxa de inscrição e pagamento de R$ 5,00 por passeio. São cerca de 60 buggies que fazem uma média de 4 passeios por dia, o que equivale a R$ 36 mil mensais. O pretexto do pagamento é aprimorar as instalações da cooperativa que até a presente data não tem banheiro para os turistas que desembarcam em Mangue Seco na lama do estuário, por falta de porto.
Alguns agentes de viagem pensaram ser boa a iniciativa, porque encontravam buggies á vontade na baixa temporada, mesmo em estado precário, sem oferecer apoio aos profissionais de turismo, sem garantias de substituição em caso de pane, e sem aceitar cartão de crédito, como é normal na atividade turística. Estes deveriam levar seus turistas agora, na alta temporada, e submetê-los a espera de mais de uma hora sob o sol e a ira de particulares descontentes porque guias de turismo contratam 10 ou mais buggies de uma vez. E ainda ter que mandar seus turistas pouco a pouco, sozinhos, sem guia, porque não se pode reservar. Nem os membros da cooperativa estão satisfeitos!
Mangue Seco tinha dois locais para contratar buggies, e proprietários podiam atender qualquer pessoa ou agência quando procurados, como é normal em turismo. Porém, um único grupo dava apoio integral ao turismo, inclusive disponibilizando cais, banheiros e carros para inspeção de agências – que a cooperativa não dá! - era o grupo Asa Branca, que foi obrigado a dividir seus clientes com os cooperativados. O Ministério do Turismo precisa interferir nessa situação e colocar ordem no turismo de um dos legados de Jorge Amado, Mangue Seco, além de garantir a livre iniciativa e a geração de emprego e renda para todos. E que este caso sirva de alerta para o que acontece em outras localidades turísticas do Brasil!
Fonte; José Queiroz